No dia do velório, todos amigos, familiares e conhecidos de Humberto
estavam presentes em seu enterro, todos estavam muito triste porém,
Fernando, Márcia, Ariel, Ana Letícia e Teresinha, eram os que mais
sofriam, Lety estava chorando muito também mas, procurava consolar a
Fernando que parecia haver perdido mais que o pai, parecia ter perdido
seu chão e o pior de tudo para ele, era principalmente saber que seu pai
não iria poder lhe ajudar quando ele reassumisse a presidência,
Fernando não havia contado a ninguém sobre o pedido de seu pai, depois
do que aconteceu ele não teve tempo e nem quis falar de empresa, quando
viu seu pai morto.
HORAS ANTES...
-Pai, pai!-chamava Fernando
desesperado.-um médico por favor, um médico.-fala Fernando desesperado
no corredor do quarto de seu pai.
Alguns enfermeiros e um médico que
passava pelo corredor, entraram no quarto e tentaram reanimar durante
alguns minutos o seu pai mas, já era tarde, não havia mais batimentos e
não seria possível recuperá-lo, com a certeza da morte de seu pai,
Fernando se sentiu obrigado a ser o porta voz da pior notícia de sua
vida, ele respirou fundo, enquanto os médicos cobriam seu pai, ele abriu
a porta do quarto onde seu jazia seu pai, saiu ainda chorando muito, a
passos lentos e como um boi em direção ao matadouro, Fernando se dirigiu
a sala de espera, onde encontrou seus amigos, sua esposa e sua mãe, que
pareciam estar muito tranquilos, chegou a tempo de ouvir sua mãe dizer
que já estava despreocupada por ter visto que Humberto estava melhor,
aquelas palavras chegaram ao fundo da alma de Fernando e a rasgaram como
se fosse uma lança, seu choro mais desesperado se apresentou, ele
engasgou de tão forte que estava sua dor, ao ouvir aquilo todos viraram
para trás e viram Fernando deslizando na parede e caindo sentado e
chorando como um menino, um choro amargo, desesperado, cheio de dor e
sem esperanças, ao ver aquilo, Lety correu para acudí-lo para saber o
que se passava mas, no fundo ela e todos já sabiam do que se tratava.
-Por que Meu Deus, por quê?-ele se perguntava chorando desesperado.
Teresinha que não acreditava no que via e no estado em que o filho tava, quis confirmar sua suspeita.
-Fernando o que houve?-ela pergunta passando a mão no cabelo dele.
Fernando com olhos banhados de lágrimas e lábios trêmulos de tanta dor, olhou para ela e despejou toda sua dor:
-Meu pai...e-ele, ele morreu!-fala Fernando caindo em um choro maior,
Teresinha não aguentou saber daquilo e desmaiou, Márcia e Ariel que
ainda choravam muito foram acudir Teresinha.
Lety abraçou Fernando,
tentou acalmá-lo, apesar de que sua vontade era retirar aquela dor
dele, retirar a dor de ter perdido alguém a quem muito ele amava, Erasmo
e Julieta também ficaram muito triste, ambos choraram, pois, eles
haviam se tornado muito amigos dele e saber daquilo, era como saber da
morte de um grande amigo, a quem eles estimavam muito, ele e Erasmo nos
últimos meses estavam indo muito ao clube, passavam muitas vezes o
domingo inteiro jogando golfe, Humberto chegou até a dar a ele um de
seus cavalos e também o ensinou a montar, Julieta também pode desfrutar
da amizade de Humberto, ele todos os domingos em que iam ao clube, ele
levava para ela Flores, eles faziam refeições ao ar livre e ele sempre
elogiava a educação que haviam dado a Lety e também os princípios que
eles tinham e até chegou a dizer em uma ocasião, no último domingo que
passaram juntos: "Eu agora posso morrer em paz meu amigos, porque eu
pedi muito a Deus, para que eu não morresse vendo meu filho, meu único
filho perdido por aí, eu tinha muito medo que ele terminasse não apenas
pobre mas, quebrado e sem nada por gastar absurdamente com mulheres e
farras mas, agora posso morrer tranquilo, o Fernando mudou, é um chefe
de família, um homem de caráter, um homem respeitável, um homem de
princípios e que honra sua família e sua esposa, eu não podia querer
algo melhor, eu sempre serei muito grato a vocês dois e a minha nora,
por ter transformado meu Fernando, hoje ele é outro e Deus não permitiu
que eu sofresse a dor de morrer e vê-lo sofrendo, eu o vi sofrer sim
mas, em vida porém agora no fim de minha vida e após minha morte, vou
vê-lo feliz, vou ver meus netos crescerem e se admirarem do pai e da mãe
que tem." Aquelas palavras ruminaram no coração de Julieta que ao ver
Fernando no estado desesperado em que ele estava, resolveu se sentar no
chão com ele e o abraçou forte como uma mãe que abraça seu filho.
-A culpa foi toda minha Dona Julieta, eu matei meu pai.-falava Fernando desesperado.
Julieta o abraçou forte e depois olhou em seus olhos.
-Fernando, no domingo antes de morrer, seu pai falou que morreria em
paz, porque sabia do homem que você se tornou e ele onde quer que esteja
tem muito a se orgulhar de você, ele nos falou isso, talvez já sabia
que ia morrer e prevendo que se sentiria culpado, ele quis que alguém
dissesse pra ele, que ele morreu em paz, porque você vive em paz e
feliz. Então filho, chore por ele é seu pai mas, não se culpe Deus o
trouxe para esse mundo e agora o tirou dele porque sabe que você já
consegue caminhar sozinho, sem a ajuda dele então não sofra mais, não se
culpe mais, ele tem orgulho do homem que você é hoje, por favor, nunca
mais se sinta culpado por ele ter morrido.-Julieta o beija e ele a
abraça forte.
As palavras de Julieta soavam na cabeça de Fernando
durante todo o velório, quando o caixão foi fechado e o iniciou o
cortejo para levar Humberto para o cemitério, Fernando continuava
quieto, calado, parecia infeliz porém já se sentia mais leve e sem
remorso nenhum, Dona Julieta o havia acalmado, seu pai mesmo havia dito a
ela que tinha orgulho do homem que ele era agora. No carro Lety não
soltava sua mão, muito menos seu corpo, por fora ela transmitia calma
mas, por dentro sua preocupação com seu esposo, era algo evidente, ela
sofria por vê-lo daquele jeito e sofria muito mais por vê-lo tão quieto,
tão calado, desde a hora que sua mãe falou com ele, ele não dirigiu
mais a palavra a ninguém, somente chorava e em outros momentos parava de
chorar e olhava para o nada, perdido, sabe Deus onde, as vezes esboçava
um sorriso de lábios fechados e voltava a chorar.
Ao chegar no
cemitério, ele juntamente com Ariel, Omar e Otávio, levaram o caixão até
a cova, lá o padre falou algumas palavras, celebrou as exéquias e Lety
prosseguia com seu ritual, não largava Fernando por nada, ele estava
destruído, não dormiu nada, não comeu nada, não falou nada e apenas
chorava, ele parecia outro, as olheiras tomaram seus lindos olhos, que
estavam vermelhos e inchados de tanto chorar, até sua beleza estava
sumindo, sua elegância parecia ter morrido com o seu pai, Lety
praticamente teve que obrigá-lo a se vestir, ela aproveitou a calça
jeans, vestiu uma camisa social branca, colocou uma gravata preta e um
terno preto nele, e ela vestiu um vestido preto.
Enquanto Humberto
era enterrado, Lety começou a sentir um grande mal estar, Omar percebeu
logo que havia algo de errado com ela, Fernando que estava em transe,
percebendo que algo estava errado com sua mulher, saiu do transe e olhou
para ela.
-Meu amor, você está sangrando.-fala Fernando criando forças, não sei da onde e pegando Lety no braços.
#Continua_amanhã
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