domingo, 14 de junho de 2015

CAPÍTULO 191

No dia do velório, todos amigos, familiares e conhecidos de Humberto estavam presentes em seu enterro, todos estavam muito triste porém, Fernando, Márcia, Ariel, Ana Letícia e Teresinha, eram os que mais sofriam, Lety estava chorando muito também mas, procurava consolar a Fernando que parecia haver perdido mais que o pai, parecia ter perdido seu chão e o pior de tudo para ele, era principalmente saber que seu pai não iria poder lhe ajudar quando ele reassumisse a presidência, Fernando não havia contado a ninguém sobre o pedido de seu pai, depois do que aconteceu ele não teve tempo e nem quis falar de empresa, quando viu seu pai morto.
HORAS ANTES...
-Pai, pai!-chamava Fernando desesperado.-um médico por favor, um médico.-fala Fernando desesperado no corredor do quarto de seu pai.
Alguns enfermeiros e um médico que passava pelo corredor, entraram no quarto e tentaram reanimar durante alguns minutos o seu pai mas, já era tarde, não havia mais batimentos e não seria possível recuperá-lo, com a certeza da morte de seu pai, Fernando se sentiu obrigado a ser o porta voz da pior notícia de sua vida, ele respirou fundo, enquanto os médicos cobriam seu pai, ele abriu a porta do quarto onde seu jazia seu pai, saiu ainda chorando muito, a passos lentos e como um boi em direção ao matadouro, Fernando se dirigiu a sala de espera, onde encontrou seus amigos, sua esposa e sua mãe, que pareciam estar muito tranquilos, chegou a tempo de ouvir sua mãe dizer que já estava despreocupada por ter visto que Humberto estava melhor, aquelas palavras chegaram ao fundo da alma de Fernando e a rasgaram como se fosse uma lança, seu choro mais desesperado se apresentou, ele engasgou de tão forte que estava sua dor, ao ouvir aquilo todos viraram para trás e viram Fernando deslizando na parede e caindo sentado e chorando como um menino, um choro amargo, desesperado, cheio de dor e sem esperanças, ao ver aquilo, Lety correu para acudí-lo para saber o que se passava mas, no fundo ela e todos já sabiam do que se tratava.
-Por que Meu Deus, por quê?-ele se perguntava chorando desesperado.
Teresinha que não acreditava no que via e no estado em que o filho tava, quis confirmar sua suspeita.
-Fernando o que houve?-ela pergunta passando a mão no cabelo dele.
Fernando com olhos banhados de lágrimas e lábios trêmulos de tanta dor, olhou para ela e despejou toda sua dor:
-Meu pai...e-ele, ele morreu!-fala Fernando caindo em um choro maior, Teresinha não aguentou saber daquilo e desmaiou, Márcia e Ariel que ainda choravam muito foram acudir Teresinha.
Lety abraçou Fernando, tentou acalmá-lo, apesar de que sua vontade era retirar aquela dor dele, retirar a dor de ter perdido alguém a quem muito ele amava, Erasmo e Julieta também ficaram muito triste, ambos choraram, pois, eles haviam se tornado muito amigos dele e saber daquilo, era como saber da morte de um grande amigo, a quem eles estimavam muito, ele e Erasmo nos últimos meses estavam indo muito ao clube, passavam muitas vezes o domingo inteiro jogando golfe, Humberto chegou até a dar a ele um de seus cavalos e também o ensinou a montar, Julieta também pode desfrutar da amizade de Humberto, ele todos os domingos em que iam ao clube, ele levava para ela Flores, eles faziam refeições ao ar livre e ele sempre elogiava a educação que haviam dado a Lety e também os princípios que eles tinham e até chegou a dizer em uma ocasião, no último domingo que passaram juntos: "Eu agora posso morrer em paz meu amigos, porque eu pedi muito a Deus, para que eu não morresse vendo meu filho, meu único filho perdido por aí, eu tinha muito medo que ele terminasse não apenas pobre mas, quebrado e sem nada por gastar absurdamente com mulheres e farras mas, agora posso morrer tranquilo, o Fernando mudou, é um chefe de família, um homem de caráter, um homem respeitável, um homem de princípios e que honra sua família e sua esposa, eu não podia querer algo melhor, eu sempre serei muito grato a vocês dois e a minha nora, por ter transformado meu Fernando, hoje ele é outro e Deus não permitiu que eu sofresse a dor de morrer e vê-lo sofrendo, eu o vi sofrer sim mas, em vida porém agora no fim de minha vida e após minha morte, vou vê-lo feliz, vou ver meus netos crescerem e se admirarem do pai e da mãe que tem." Aquelas palavras ruminaram no coração de Julieta que ao ver Fernando no estado desesperado em que ele estava, resolveu se sentar no chão com ele e o abraçou forte como uma mãe que abraça seu filho.
-A culpa foi toda minha Dona Julieta, eu matei meu pai.-falava Fernando desesperado.
Julieta o abraçou forte e depois olhou em seus olhos.
-Fernando, no domingo antes de morrer, seu pai falou que morreria em paz, porque sabia do homem que você se tornou e ele onde quer que esteja tem muito a se orgulhar de você, ele nos falou isso, talvez já sabia que ia morrer e prevendo que se sentiria culpado, ele quis que alguém dissesse pra ele, que ele morreu em paz, porque você vive em paz e feliz. Então filho, chore por ele é seu pai mas, não se culpe Deus o trouxe para esse mundo e agora o tirou dele porque sabe que você já consegue caminhar sozinho, sem a ajuda dele então não sofra mais, não se culpe mais, ele tem orgulho do homem que você é hoje, por favor, nunca mais se sinta culpado por ele ter morrido.-Julieta o beija e ele a abraça forte.
As palavras de Julieta soavam na cabeça de Fernando durante todo o velório, quando o caixão foi fechado e o iniciou o cortejo para levar Humberto para o cemitério, Fernando continuava quieto, calado, parecia infeliz porém já se sentia mais leve e sem remorso nenhum, Dona Julieta o havia acalmado, seu pai mesmo havia dito a ela que tinha orgulho do homem que ele era agora. No carro Lety não soltava sua mão, muito menos seu corpo, por fora ela transmitia calma mas, por dentro sua preocupação com seu esposo, era algo evidente, ela sofria por vê-lo daquele jeito e sofria muito mais por vê-lo tão quieto, tão calado, desde a hora que sua mãe falou com ele, ele não dirigiu mais a palavra a ninguém, somente chorava e em outros momentos parava de chorar e olhava para o nada, perdido, sabe Deus onde, as vezes esboçava um sorriso de lábios fechados e voltava a chorar.
Ao chegar no cemitério, ele juntamente com Ariel, Omar e Otávio, levaram o caixão até a cova, lá o padre falou algumas palavras, celebrou as exéquias e Lety prosseguia com seu ritual, não largava Fernando por nada, ele estava destruído, não dormiu nada, não comeu nada, não falou nada e apenas chorava, ele parecia outro, as olheiras tomaram seus lindos olhos, que estavam vermelhos e inchados de tanto chorar, até sua beleza estava sumindo, sua elegância parecia ter morrido com o seu pai, Lety praticamente teve que obrigá-lo a se vestir, ela aproveitou a calça jeans, vestiu uma camisa social branca, colocou uma gravata preta e um terno preto nele, e ela vestiu um vestido preto.
Enquanto Humberto era enterrado, Lety começou a sentir um grande mal estar, Omar percebeu logo que havia algo de errado com ela, Fernando que estava em transe, percebendo que algo estava errado com sua mulher, saiu do transe e olhou para ela.
-Meu amor, você está sangrando.-fala Fernando criando forças, não sei da onde e pegando Lety no braços.
‪#‎Continua_amanhã‬

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